Marie Christine GIUST

Abonné·e de Mediapart

1198 Billets

0 Édition

Billet de blog 28 novembre 2014

Marie Christine GIUST

Abonné·e de Mediapart

Será Daniela Arbex mal vista na França, com o livro Holocausto Brasileiro ?

Marie Christine GIUST

Abonné·e de Mediapart

Ce blog est personnel, la rédaction n’est pas à l’origine de ses contenus.

Que tal Márcia Rosa, essas palavras que vieram à tona, logo quando eu li tua resposta...
Na França, na ECF, a gente sempre ouve falar de "savoir-faire" avec son symptôme... E muitas vezes, a referência para tal é o "jeitinho brasileiro", que se tornou tão comum na França, depois que o Brasil de Lula - e depois de Dilma,
( a não ser que esteja vindo de outro tipo de brasileiros mais chegados ao Aécio e companhia? Eu não sei) deixou entrar em todas as áreas e campos de pesquisa universitárias mais também alheias, um número crescente de jovens doutorandos brasileiros, que acabaram preenchendo as vagas da metade das instituições intelectuais na frança - é até surpreendente o fenômeno)... Não sei, aliás, se este fenômeno favoreceu ou não as exigências intelectuais internacionais, provavelmente sim....Mas não estou certa que tenha aumentado a capacidade de "nos entender" entre nós, os derradeiros humanos... 
Pois, a resposta mais comum e mais clássica, que posso ter reparado, por parte de qualquer brasileiro que não quer entender, nem atender nem sequer saber do que o outro trata, quando lhe pede algo, a resposta mais corriqueira, portanto, sempre é a mesma:    " não entendi".... E a esse "não entendi"  dá realmente vontade de responder dum jeito tão vulgar quanto, com um "vá....."
Pois quem não ouve claramente o maltrato sub-entendido do que se trata, na circunstância ?
Em francês, isso se chama: "botter en touche", como quando um jogador de futebol não está interessado em levar a diante um " passe"...
Mas eu aprendi com este tipo de resposta que pode se fazer outro tipo de leitura, que é que de fato boa parte dos brasileiros assim como aqueles que os tomam por exemplo, pelas bandas de cá, demostram grande vulgaridade - vulgaridade ética, claro - na maneira  de se nnao relacionar, e se safar de qualquer compromisso com alguém - o que pra mim é o primeiro sinal, não de desentendimento, mais de falta de compromisso com qualquer Outro ...
Na França, somos um certo número - pouquinho, devo dizer- a sempre ter achado o jeito francês que acabamos por definir como sarkozista,  e portanto desastroso, mas também exclusivamente pornográfico e obscena, essa maneira de descartar o Outro,  de o " ravaler", e todos os procedimentos afins que, afinal consistem em não levar a sério o Outro, e se lixar propriamente sem nenhum complexo, do qualquer comprometimento com o Outro, tal como o falava Jankélévitch, depois da Shoah, ou mesmo um Levinas, pra apontar a nossa responsabilidade com o Outro...
Pois bem... Não sei se, desta vez, o que lhe escrevo lhe será mais compreensível, tomará ! Pois esse jeito totalmente obscena de descartar o que não lhe convém, e resume bem a postura contemporânea, muito apreciada dos seus conterrâneos, e boa parte da Europa neo-fascista, e a quem deu exemplo à nova moda francesa-  hoje abrasileirada pela metade, a mim me dá propriamente "nojo"...
Não é nem o Brasil que conheci, nem o Brasil que prezo. E sei que aqui em paris também têm brasileiros suficientemente gente pra concordar comigo, e também se horrorizar desse tipo e "maneira de agir" par-dessus la tête ....
Será este procedimento, falta de interesse, falta de consideração, ou outra forma de se lixar completamente do que o Outro lhe diz ou quer lhe transmitir ???
Ah, meu Deus, nunca decepcionada com essas viagens pelas "terras da ética actual", na qual, en nome de não sei o quê, as pessoas se acham autorizadas a pular por cima de qualquer cortesia, delicadeza, ou mesmo elegância, e nem tampouco o mínimo de "tenue sociale" que o mundo actual exigiria à potência N, se ainda fosse humano ???????
Conclusão: "Botter en touche", "sair pela tangente", ou " se safar"...Que seja em francês ou em português, dá no mesmo, não é ? É evitar uma resposta assumida, e portanto evitar o Outro. 
E no gesto de "s'esquiver", fazer bem pouco do Outro ! 
Boa noite, prezada senhora. Mas também, que elegância ! Será isso o Brasil novo, como a gente fala do Beaujolais Nouveau ???
Certamente, dará muita o que falar, numa nova "tranche de contrôle" com o senhor Eric Laurent, aqui em Paris, e em janeiro... Isso, com certeza. Obrigadíssima pela atenção sua !

Ce blog est personnel, la rédaction n’est pas à l’origine de ses contenus.